ORAÇÃO À SAGRADA FACE Ó meu Jesus, lançai sobre nós um olhar de misericórdia! Volvei Vossa face para cada um de nós, como fizestes à Verônica, não para que a vejamos com os olhos corporais, pois não o merecemos. Mas volvei-a para nosso coração, a fim de que, amparados sempre em Vós, possamos haurir nesta fonte inesgotável as forças necessárias para nos entregarmos ao combate que temos que sustentar. Amém. ORAÇÃO DA AMIZADE Senhor, quão poucos são os verdadeiros amigos, porque imperfeitos, limitados! Muitas vezes decepciono-me, esquecido de que sou eu quem erra quando espero deles uma perfeição, uma santidade e um perfeito amor o qual somente Vós possui e mesmo aqueles que Vos amam verdadeiramente, são falhos, porque humanos. Fazei-me, obstante as dificuldades, bondoso e verdadeiramente amigo para com todos, sem nada esperar, nem mesmo um só agradecimento. Sois, Senhor, o melhor e mais perfeito amigo entre todos os meus amigos. Vós que me amais com um amor perfeito, ensinai-me a amar com o Vosso coração, a olhar com Vossos olhos e a viver sempre como testemunha digna da profunda amizade e amor que sempre tivestes e tendes para comigo. Amém. Envie sugestões e duvidas para



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OS ATOS DOS APÓSTOLOS
OS ATOS DOS APÓSTOLOS

O livro Atos dos Apóstolos retrata o nascimento e crescimento da Igreja impulsionada pelo Poder do Espírito Santo. Neste livro encontraremos um testemunho de como o Espírito guiou a Igreja segundo a vontade de Deus frente aos desafios do cristianismo nascente. É muito importante, salientar a princípio que não esperamos, todavia, encontrar nos Atos uma perfeita narração de fatos segundo um esquema muito bem elaborado, inclusive entre as teses de origem deste livro o que mais se aceita é que ele tenha sido escrito com o intuito de fornecer uma pregação que formasse a origem apostólica da Igreja para as comunidades nascentes, então este libro é muito mais a pregação da Igreja do que um elaborado esquema teológico ou epistolar. Eis o caminho para compreendermos melhor este livro das Escrituras: ler tendo em vista que reflete a Igreja nascente em suas dificuldades que procura afirma-se em sua origem, o testemunho de Pedro e Paulo.

Este livro é atribuído ao mesmo autor do terceiro Evangelho, o médico Lucas, companheiro de viagens de Paulo. O primeiro caminho que nos leva a tal identificação é a comparação entre os dois prólogos: Lc 1, 1-4 e At 1, 1-5. A variação de pronomes entre a terceira e primeira pessoa indicam que próprio autor parece passar a fazer parte da expedição de evangelização de Paulo, nós vemos estas variações nas passagens: 16, 10; 20, 5-15; 21, 1-18; 27, 1-28, 16. A data da composição, conforme sugere o prólogo, é posterior a do Evangelho, logo podemos situá-lo por volta dos anos 80 dC., 10 anos após o Evangelho.

Na composição deste livro dois pontos se tornam muito claros para uma primeira leitura: as ações de Pedro e de Paulo. Versando sobre estes dois apóstolos é desenvolvida a narração da origem da Igreja. Podemos dividir em dois grandes blocos este livro: 1-12 (tendo em foco mais a figura de Pedro e 13-28 (voltando para Paulo).


Outra característica muito importante desde livro estão nos grandes discursos pronunciados durante a narrativa. Encontramos grandes ensinamentos que certamente orientaram a Igreja sobre o seu caminho e sua doutrina. O mais conhecido destes discursos é o discurso de Petencostes, onde Pedro, cheio do Espírito Santo, anuncia o que nós damos o nome hoje de “Kerygma”, palavra grega usada para indicar a pregação primeira da Igreja.

Após o prólogo no capítulo primeiro, encontramos a narrativa da ascensão. É muito importante compreendê-la bem dentro do sentido de toda a obra do livro dos Atos, pois esta passagem indica todo o sentido da Obra e gera uma linha comum para toda a Obra. A ascensão é a ligação entre o Evangelho e o livro dos Atos, onde os dois se encontram e ocorre certa continuidade. A mensagem de Cristo aos seus Apóstolos é de esperarem a “força do alto”, que indica o Espírito Santo motor de toda Evangelização nos Atos, que impulsiona a Obra desde Jerusalém até os confins da terra. Esta linha comum se mostra na evangelização dos judeus e dos gentios, iniciando com a fundação da Igreja em Jerusalém e terminando em Roma, confins da Terra para o mundo Romano. Este prólogo, desta forma, garante a linha comum em todo o livro, unido a Obra dos dois Apóstolos dentro do sopro do Espírito Santo.

Após esta introdução teológica o autor apresenta a origem da Igreja com a narrativa de Pentecostes. A Igreja é sinal da unidade entre todos os povos, a descrição de Pentecostes segue uma linha de interpretação teológica dos fatos, interessando ao autor revelar os fatos dentro de uma perspectiva. O milagre de Pentecostes é colocado em oposição à narrativa do Antigo Testamento de Babel, é difícil precisar sobre a variedade de povos e línguas, Lucas parece querer indicar a ação universal da Igreja.

Logo após a narrativa de Pentecostes a Igreja caminha no Poder e na ação do Espírito. Os milagres operados pelos apóstolos testemunham esta dimensão carismática da Igreja (carismática = no Poder do Espírito), e cresce a cada dia os que abraçam o “caminho” (antiga denominação da Igreja).

A perseguição que encontramos descrita neste início que leva a prisão Pedro e João, sendo submetidos a açoites, é uma perseguição mais restrita oferecida pelos líderes judeus. Ele interpretam o cristianismo como um perigo ao judaísmo e perseguem e matam os líderes cristãos. Esta crise conhece seu clímax no apedrejamento de Estevão. Por outro lado este acontecimento resulta no grande motor de evangelização da Igreja, pois os perseguidos saem evangelizando em várias regiões fundando comunidades. Neste ínterim nasce a Igreja de Antioquia, uma das mais importantes da Igreja primitiva.

O apedrejamento de Estevão é também muito importante por que vemos aí, pela primeira vez, aparecer Paulo, exalando ódio contra a Igreja. Um perigo é pensar que as perseguições neste período são generalizadas e oficiais, na realidade o que ocorre é uma grande afronta por parte dos judeus. Porém, a Igreja existia livremente e os discípulos evangelizavam a “céu aberto”. As perseguições oficiais só virão depois com Nero e os imperadores seguintes.

A partir do capítulo 13 o livro volta-se para Paulo (sua conversão é narrada em At 9, 1-19). Ele em suas atividades apostólicas passa a ocupar o centro das narrativas. Este restante se divide nas 3 viagens apostólicas e na viagem do cativeiro que culmina com Rom sendo o Evangelho proclamado de Jerusalém (início do livro com Pentecostes) até os confins da terra (Roma o cativeiro de Paulo que continua seu serviço mesmo que preso).

Não estudaremos muito esta segunda parte do livro, nos voltaremos para um estudo da pessoa de Paulo, partindo do que nos fala Lucas nos Atos e do que o próprio Paulo declara em suas cartas. Conhecer Paulo é de fundamental importância para conhecer suas cartas, e isto não é uma tarefa das mais difíceis, pois devido ao seu forte gênio ele deixa registrado os traços de sua personalidade.

primeiro passo está em saber de onde vem Paulo, ou seja a sua formação: tomemos o Apóstolo ele fala de si mesmo em Fil 3, 4-16. Comentemos este texto:

Paulo de fato possui muitos motivos na carne para ufanar-se, em nenhuma outra carta ele enuncia tantos títulos como aqui... Ao dizer-se hebreu, filho de hebreus ele evoca sua pertença ao povo eleito, em outras partes já havia declarado como as promessas de Deus são pertença ao povo eleito, em outras partes já havia declarado como as promessas de Deus são irrevogáveis (cf. Rom 9, 1-5). Sendo fariseu, Paulo toma a maneira mais radical de irrevogáveis (cf. Rom 9, 1-5). Sendo fariseu, Paulo toma a maneira mais radical de vivência do judaísmo, pois esta seita trazia a marca de ser a mais radical na observância dos menores detalhes das Lei. De fato ele podia dizer: Quanto a lei irrepreensível, pois o era...

Paulo foi formado em Jerusalém na escola de Gamaliel, notável fariseu de sua época, algo muito invejável visto que muitos jovens deixavam suas casas em busca de conhecimento junto aos grandes mestres (cf. At 22, 3). De família com certa posse, conseguiu a cidadania romana por nascimento, o que lhe rendia vários direitos como cidadão protegido pela chamada “Lex Porfia”, conforme vemos em At 16, 37; 22, 25-29.

Encontramos desta forma em Paulo um grande homem: muito bem formado quanto as tradições judaicas, de cidadania romana que lhe valia grande prestígio social, conhecedor das Escrituras, adepto da observância mais radical das Leis e cheio de zelo por Deus... Mas havia um grande problema: tudo isto estava orientado ao orgulho e não a Deus. Para compreendermos bem o coração deste grande apóstolo devemos entender o que foi a sua conversão. Para estudarmos o que aconteceu a caminho de Damasco nos basearemos nos textos de At 22, 6 e 26, 4-16.

Nestas duas passagens ouvimos da boca do próprio Paulo variantes de sua história de conversão e podemos perceber um ponto muito importante: ao falarmos de conversão de Paulo não estamos falando de uma mudança de mentalidade mundana para uma vida religiosa, mas de uma autêntica mudança de mentalidade (palavra grega = metanoia). A grande mudança certamente não a encontramos numa simples troca de bandeiras ou de culto (isto, é claro, é uma conseqüência natural), o que de fato há é uma mudança de maneira de enxergar as coisas. O centro das duas narrativas está na luz que vem do alto e o revela a cegueira... Podemos entender então como uma lua que brilha nas trevas do homem Paulo para fazê-lo sair de seu engano, de sua cegueira absoluta. Deus ao brilhar a sua luz na vida de Paulo o faz perceber que toda a sua luta na realidade era sua maneira de pensar sobre Deus, daí que Jesus não se apresenta condenando as atitudes do apóstolo, mas lhe diz: “Porque me persegues?”- que podemos entender muito bem como: “Vê que ao voltar-se contra estes é a mim que persegues e a ti que cultuas. Este seu zelo é por ti, és cego...”

Este evento a caminho de Damasco foi decisivo para a transformação deste homem de Deus, pois o Senhor manifestou-se revelando a ferida e convidando a receber dele a cura... Paulo pode muito bem experimentar assim de uma intervenção poderosa e gratuita do Senhor que o convida das trevas à luz e a salvação. Uma palavra no Novo Testamento é praticamente definida em seu sentido por Paulo: CHARIS = GRAÇA! De todas as vezes que a encontramos no Novo Testamento 90% estão nas cartas paulinas (nestas seu sentido quer indicar acima de tudo a intervenção poderosa e gratuita de Deus pela salvação dos homens...) fazendo-nos perceber como ele fora marcado pela forte experiência do Amor gratuito de Deus. Esta palavra entendida à luz do evento de Damasco torna-se então a grande marca da espiritualidade paulina que passa tudo considerar então como nada se comparado a este Deus tão grande e tão bondoso. Se Deus o arranca das trevas ele devia responder a este amor de Deus com toda a sua vida.

Partindo deste ponto entenderemos muito melhor por que era tão importante para Paulo lutar contra a questão judaizante, ou seja, era incompatível esperar receber de Deus graças por méritos alcançados por uma prática de tradições... Era negar a intervenção de Deus na sua própria vida! Paulo se levanta com a força de quem havia experimentado em si a gratuidade do amor e a ação da graça.

Quando mais tarde é forçado a defender a autenticidade da sua pregação se vale da ação gratuita de Deus que o fez apóstolo (cf. Gal 1, 11-20). Era insustentável para Paulo um homem querer justificar-se pela força da Lei, pois encontrava em si as feridas do pecado, ele sabia muito bem das trevas que estava imerso o homem e só podia libertar-se com a ajuda da Graça.

É muito importante entender que Paulo reconhecia sua condição de pecador, o texto de I Cor 15, 6-10 fala-nos de como Paulo reconhecera sempre o que Deus fez em sua vida. Ler este texto à luz de Gal 2m 15-17 que indica uma visão desta ação divina em todos os homens.

A sua experiência o lançava na comunidade, pois este Deus que lhe aparecera o chamou a ser apóstolo (como vemos nas cartas aos Gálatas e aos Coríntios, principalmente). Eis o mistério do homem novo nascido em Cristo! Todo homem é pecador, judeu ou gentio, ninguém pode ser justo diante de Deus, mas o homem é justificado em Cristo Jesus pela graça. Confira este mistério e como lançava na comunidade partindo do texto de II Cor 5, 14-6,1.

Por fim façamos uma consideração ainda sobre Paulo: ele era um homem apaixonado por Deus e pelos irmãos. Pelo que vemos nas cartas e nos Atos, podemos deduzir Paulo como um homem de grandes sentimentos e grandes expressões de afeto e de raiva. Porém um texto nos salta aos olhos quando fala sobre seu amor a Deus e a comunidade: Fil 1, 1-2, 4. Em especial se consideramos os vers. 8 e 23 do primeiro capítulo. Em Fil 1, 23 Paulo declara seu amor apaixonado por Cristo muito maior do que qualquer coisa que possa ter na vida e para isso usa um termo muito interessante em grego: “EPITIMIA”. Este mesmo termo ele usa em Col 3, 5 para falar de paixões carnais, sendo assim ele não reclama para si unicamente um amor idealizado por Cristo, antes um amor forte e presente em seu corpo, um amor apaixonado, um desejo que o faz arder por Cristo... e ao falar da comunidade no vers. 8 usa a variação “EPIPOTHU” que indica seu grande amor igualmente apaixonado pelos homens.

Paulo é um homem apaixonado por Deus e pelos homens, um homem de grande amor humano e real, arde por estar com Cristo e sente desejo de enquanto viver nesta vida estar com os irmãos. Este amor pela comunidade encontrava raiz em sua imitação profunda de Cristo: “Tende os mesmos sentimentos de Cristo Jesus...” (Fil 2, 3).

Como Paulo podemos rezar com uma expressão muito simples, mas que indica muito bem a sua luta e seu desejo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim!” (Gal 2, 20).