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ORAÇÃO À SAGRADA FACE Ó meu Jesus, lançai sobre nós um olhar de misericórdia! Volvei Vossa face para cada um de nós, como fizestes à Verônica, não para que a vejamos com os olhos corporais, pois não o merecemos. Mas volvei-a para nosso coração, a fim de que, amparados sempre em Vós, possamos haurir nesta fonte inesgotável as forças necessárias para nos entregarmos ao combate que temos que sustentar. Amém. ORAÇÃO DA AMIZADE Senhor, quão poucos são os verdadeiros amigos, porque imperfeitos, limitados! Muitas vezes decepciono-me, esquecido de que sou eu quem erra quando espero deles uma perfeição, uma santidade e um perfeito amor o qual somente Vós possui e mesmo aqueles que Vos amam verdadeiramente, são falhos, porque humanos. Fazei-me, obstante as dificuldades, bondoso e verdadeiramente amigo para com todos, sem nada esperar, nem mesmo um só agradecimento. Sois, Senhor, o melhor e mais perfeito amigo entre todos os meus amigos. Vós que me amais com um amor perfeito, ensinai-me a amar com o Vosso coração, a olhar com Vossos olhos e a viver sempre como testemunha digna da profunda amizade e amor que sempre tivestes e tendes para comigo. Amém. Envie sugestões e duvidas para



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VIDA CONSAGRADA
VIDA CONSAGRADA

Religiosidade infantil e religiosidade madura

Por: Lizette Kingwergs (psicóloga)/ Texto resumido do Dr. Carlos Dominguez Morano

“Não dispomos de outro lugar para nos aproximar a Deus que o de nossa própria biografia (Dominguez, C)”.

A religiosidade infantil: o Deus da Criança

A religiosidade pode conter sentimentos infantis de onipotência, menosprezando as condições externas da realidade (o homem que deseja superar todas as limitações que a realidade da vida lhe apresenta). Pode ser um terreno fértil para a manutenção de certas estruturas neuróticas.

“A religião pode ser utilizada como um parapeito contra a angústia, como uma chave mágica para a resolução de toda incógnita, como uma garantia de imunidade diante das contingências da vida”. “A experiência religiosa que não remete à realidade pode ser reduzida a uma pura ideologia, a um ritualismo obsessivo ou a um mero sustento moral”.

Por exemplo: quando se ignoram os conflitos da realidade pessoal ou da realidade externa, se desencadeia aquilo que alguém preferiu ignorar. Assim acontece com a agressividade existente na intolerância; arma-se uma religião para seus fiéis, sendo cruel e intolerante para aqueles que não a reconhecem. Inclusive, utiliza-se a religião para justificar afãs destrutivos.

O Deus da Criança:

• Construído à medida dos desejos e dos temores de nossa infância.

• É um Deus “providência-mágica” que está aí para gratificar e para tornar suportável a dureza da vida. Um mundo onde não existe frustração do desejo.

• É um “peito bom”, onipotente e onipresente, que responde magicamente ao desejo.

• É um Deus zeloso na área da sexualidade, que estaria mais preocupado com este aspecto do que com outros temas, como a injustiça, a hipocrisia, a avareza, o engano ou a religião legalista e opressora.

• É um Deus de proibições, ameaças, castigos e perpétua vigilância sobre nossos atos e intenções.

a) Deus como reflexo de uma pessoa

• Deus é concebido como um prolongamento do próprio narcisismo, isto é, Ele é confundido com o próprio “eu”.

• O “outro” ainda não existe, não existe possibilidade de encontro ou vinculação com o real.

• Deus também não existe porque foi reduzido a uma imagem espetacular (a uma projeção inflada do próprio eu).

• A alteridade constitui uma profunda ameaça. Os outros, como entidades livres, diferentes e não manipuláveis, se tornam um objeto sumamente perigoso. Desencadeia-se a violência, na tentativa de apagar e eliminar a ameaça que o outro representa (destruição do diferente).

• Concentra-se na ordem da idéia, da crença e do dogma.

• Aqui se encontram o fundamentalista e o fanático religioso.

b) O Deus da Mãe imaginária:

• A relação com Deus pretende eliminar nossa condição de seres separados, que é a única que possibilita o autêntico encontro com a alteridade.

• É preciso uma presença constante, uma permanência do gozo fusional.

• Incapacidade para assumir a ausência do outro (a distância inevitável que nos constitui como sujeitos).

• Evita despertar à realidade, sempre conflituosa, na qual a distância e a separação resultam intoleráveis.

• Concentra-se na experiência afetiva, na comunicação e no amor.

• Pretende relacionar-se com um Deus de prazer (como em um sentido de prazer permanente).

• Um exemplo seria o pseudomístico e “iluminado”.

c) O Deus da Lei e do sacrifício:

• Ancorado em sua ambivalência de amor-ódio diante do elemento paterno.

• Constrói um Deus oposto, diante do qual edifica uma relação de rebeldia permanente ou de submissão aniquiladora.

• Permanente ambivalência afetiva diante de Deus (ou eu ou você).

• Faz da Lei, da obediência da norma e da moral o eixo de seu vínculo religioso. Uma lei sacralizada que substitui o próprio Deus e que perde sua natureza mediadora.

• Sua violência se desloca e se oculta sob o ritual do sacrifício (anula o ódio ao outro, com o retorno desse ódio contra si mesmo, em forma de culpabilidade).

• Magnificação e sacralização da dor. É a oração dos propósitos, das culpabilizações e da insatisfação permanente com a própria pessoa.

A religiosidade madura: o Deus de Jesus

Possuir uma religiosidade madura, ou crer no Deus de Jesus Cristo, é acreditar no Deus que nos remete à realidade, com toda a dureza que ela possa apresentar em muitos momentos de nossa existência e, em lugar de solucionar os problemas, prefere nos proporcionar um dinamismo para que nós mesmos trabalhemos na procura de uma solução.

Vem oferecer uma mensagem de vida e de salvação e, em certo modo, a despreocupar-nos de uma busca angustiada de redenção pessoal, convidando-nos – pelo contrário – a um projeto comum de transformação de nosso mundo em um Reino digno de Deus e digno do homem. Não se trata de um Deus-poder. Não é um Deus que atemoriza, ou que deseja conseguir reverência ou sua admiração.

É o Deus-amor: é um amor que opta pelos fracos, oprimidos e marginalizados, tanto no sentido social como emocional, não são somente os pobres, são também os pobres de espírito. É um amor que não foge do conflito, que se enfrenta, denuncia, acusa e ataca os que são fonte de opressão, de hipocrisia, de ódio e de marginalização. É uma amor que exige e compromete.

A verdadeira experiência mística

• Não destrói a identidade pessoal (estabiliza, sustenta e enriquece essa identidade). Tem consciência de que seu “eu” não desaparece.

• Dirige-se ao passado para estabelecer novos caminhos para voltar a um presente que, desse modo, apresenta-se ampliado, clarificado e enriquecido.

• É consciente de que tem de realizar uma atividade importante com seu corpo e com sua mente para possibilitar a presença do Deus desejado.

• O místico não ama o amor, ama ao outro a quem considera amor.

O místico vive geralmente uma experiência criativa, tanto no nível da ação, desenvolvendo uma atividade de importantes repercussões sociais e históricas, como no nível da criação literária.


Elementos da maturidade afetiva na vida consagrada

Por: ALMAS, A.C.

A maturidade afetiva vai sendo adquirida em um processo longo e paulatino, através das diferentes etapas da vida. Trata-se do auto-conhecimento e controle dos próprios afetos, de uma maneira livre e constante. É a capacidade de amar intensamente e se deixar amar pelos outros. Alguns elementos importantes neste processo para a maturidade pessoal são atingir um sentido sadio de identidade pessoal, sentido de intimidade e sentido de transcendência pessoal.

Em cada uma das etapas da vida, a pessoa vive a maturidade afetiva de uma maneira específica e, conforme vai avançando neste processo vital, também está chamada a se aproximar deste alvo através de um sentido de identidade, de intimidade e de transcendência.

Sentido de identidade pessoal: quando se é capaz de responder à pergunta “Quem sou?”, e através de uma adequada auto-estima, que – por sua vez – implica uma autoconhecimento de aspectos positivos e negativos da personalidade, assim como autovalorização, autoconfiança, autocontrole e auto-afirmação.

Sentido de intimidade pessoal: é a capacidade de se relacionar, de maneira íntima, com as demais pessoas, de dar e de receber afeto, assim como de viver relacionamentos amistosos com distinto grau de profundidade.

Sentido de transcendência pessoal: quando se é capaz de responder à pergunta “Para que existo?”. Trata-se de encontrar um sentido para a própria existência.

Toda pessoa precisa encontrar o significado de sua existência, porque – de outro modo – viverá um vazio existencial que a leva a experimentar uma sensação de desespero e de insatisfação em sua vida pessoal.

Portanto, a pessoa madura é aquela que possui:

• Verdadeiro conhecimento de si mesma

• Aceitação de si e das outras pessoas

• Reconhecimento de qualidades e aptidões, assim como das próprias limitações

• Reconhecimento de emoções e sentimentos

• Capacidade de amar

• Independência nas relações pessoais

• Capacidade de criar

• Relacionamentos amistosos e profundos

• Autocontrole


Ferramentas para atingir a maturidade emocional

Por: ALMAS, A.C.

Existem doze estratégias que nos podem ajudar a atingir a maturidade emocional, sem que esta busca se torne um processo difícil de alcançar:

• Auto-estima positiva

• Reconhecer as próprias emoções

• Aceitá-las

• Orientá-las

• Expressá-las construtivamente

• Sentido de humor

• Fomentar as emoções positivas

• Equilibrar trabalho e descanso

• Controlar a imaginação

• Fazer alguma coisa pelas outras pessoas

• Reconciliar-se consigo mesmo e com os outros

• Viver em paz com Deus



Pontos importantes para a formação do celibato: uma perspectiva psicológica

Por: Lizette Kingwergs (psicóloga)

As bases principais para a formação são:

a) Maturidade humana

b) Maturidade espiritual

Partindo deste ponto, vamos considerar os seguintes aspectos sobre a formação ao celibato:

• Não consiste em dar conselhos sobre o comportamento externo da castidade: “Se não houver amor humano e cristão, também não haverá castidade humana” (*).

• A castidade não é a única virtude. A virtude por excelência é a caridade.

• Não se trata de ensinar a comportar-se bem (não o exterior, mas o interior). É ensinar que a pessoa oriente seu celibato a Cristo e a seu Reino.

• Devem ser fortalecidos: os valores fundamentais do celibato e as motivações de base

• A vocação é uma decisão: opção livre, consciente, responsável e generosa.

• Toda opção tem um aspecto positivo (uma forma de realização pessoal) e um aspecto negativo (a renúncia a outras formas possíveis de realização pessoal). “Tendo renunciado à paternidade ou à maternidade física, o(a) consagrado(a) que não chegar a ser pai ou mãe no campo apostólico, ficaria isolado e viveria frustrado...”; “Quanto mais realização, menos peso da renúncia”; “Menos realização, mais peso da renúncia”; “O que deve preocupar mais não é a impossibilidade de viver outra realidade, mas a não realização com a escolha assumida”.

• O celibato não é um estado, é um caminho, é dinâmico. Não se consegue com a primeira decisão, é um aprendizado longo e contínuo.

• O ideal do celibato não é o pudor (manifestações que mostrem seu estilo de vida), também não é a continência, e sim o amor a Cristo e ao próximo. “O mais lamentável não é encontrar faltas no celibato, mas uma castidade com um coração vazio”.

• O motivo da castidade consagrada, em um sentido cristológico, é o amor pessoal a Jesus Cristo e, em um sentido eclesiológico, é a adesão à Igreja e à entrega ao serviço ao próximo.

• Por isso, é muito importante que exista uma direção espiritual sólida e uma vida fraterna e comunitária real.

(*) Referências: “O manifesto e o latente; motivações internas”, artigo de Álvaro Jiménez Cadena.


O que é ser criança diante de Deus?

Por: Padre Nicolás Schwizer

Que atitudes implica a filialidade? Parece-me parece que são, fundamentalmente, três atitudes frente ao Pai: confiança, obediência e entrega filial.

1. A confiança filial. Deus é um Pai todo poderoso. Esta afirmação teológica desperta em mim, a atitude de confiança. É a experiência da criança que sabe confiar cegamente em seus padres. E o faz instintivamente, sem muita reflexão; é sua experiência original. Por isso se sente tão seguro e querido e vive tranqüilo e feliz sua vida.

O que numa criança é espontâneo, nós, os adultos, temos de reconquistar se queremos ter alma de criança. O que a criança pressupõe de seus pais naturais, o homem filial o reconhece no Pai celestial. Por isso, o Padre Fundador procura conduzir-nos à confiança filial: “Meu esforço pessoal, com respeito a toda a Família, é que cheguemos a ser heróis da confiança”.

Ele costuma ilustrar esta confiança heróica com a imagem do filho do marinheiro. Este, mesmo tendo consciência do perigo em alto mar, não se desespera, permanece tranqüilo, porque sabe que seu padre está no timão. É esta convicção a que temos de reconquistar: “O Pai tem em suas mãos o timão, mesmo que não saiba o destino nem a rota” (HP, 399). Quando assim entregamos a Deus Pai a condução de nossa vida, então renasce a segurança existencial. É a “segurança do pendulo” que permanece firmemente agarrado desde o alto.

O Pai é a rocha inamovível, a tranqüilidade do filho, em meio dos vaivens da vida. “A criança tudo vence mediante a confiança” (Deus meu Pai, 223), afirma o Padre Fundador.

A infância espiritual consiste, neste contexto, numa fé simples na Divina Providencia que nos faz ver presente, atrás de todos os acontecimentos da vida, uma mão paternal e bondosa. Filialidade não é evasão de responsabilidades, se não protagonismo histórico e criador. É compartilhar responsabilidades com o Pai, lutar por um mundo digno de Ele.

2. A obediencia filial. A verdadeira filialidade é, em segundo lugar, docilidade, submissão à vontade de Deus, obediência ao Pai. A partir de Jesus e seguindo seus sinais, “o homem filial sabe que sua obra é grande só na medida em que corresponde ao desejo do Pai” (Deus meu Pai, 319).

É perguntá-lhe, em cada caso: Pai, o que te agrada mais? A obediência confere a infância espiritual, vitalidade e heroísmo; a faz exigente e educadora. Porque a verdadeira imagem do Pai inclui não apenas bondade, se não também força. Deus Pai pode nos causar dor, para assemelhar-nos mais a seu Filho Unigênito. Mas é sempre o amor que o impulsiona a impor-nos severas exigências.

3. O amor filial. “Os santos afirma o Padre Kentenich se fizeram santos a partir do momento em que começaram a amar, e começaram a amar só quando acreditaram, souberam e se sentiram amados por Deus” (Deus meu Pai, 248).

Nosso amor há de voltar a ser como o amor das crianças. Devemos deixar de lado nossos enredos e complicações de adultos e aprender a amar com simplicidade. Devemos tirar nossas máscaras de falsa grandeza e auto-suficiência e nos entregar com humildade sincera. Devemos passar de um amor racional e calculista a um amor espontâneo e cálido. Esta simplicidade, autenticidade e espontaneidade na entrega, cativam o amor do Pai e o atrai irresistivelmente.

Por isso há de crescer e purificar-se nosso amor. O amor primitivo gira em torno ao próprio eu e seus interesses. O amor filial maduro gira em torno ao Pai e sua vontade. E isso requer uma permanente auto-educação, uma luta diária constante, de renuncias e entregas heróicas. Mas sabemos que é o único caminho para mudar e tornarnos crianças, e assim poder entrar no Reino do Pai eterno.


Percepções distorcidas e imaturas na compreensão da sexualidade na vida consagrada

Por: ALMAS, A.C.

• Considerar a sexualidade desde uma postura espiritualista e angelical

A pessoa que percebe a sexualidade desde uma perspectiva espritualista e angelical, a entende dentro de uma concepção dualista do homem: matéria e espírito. Sente vergonha diante de seus órgãos genitais e características sexuais secundárias. Sente angústia diante das reações sexuais naturais, como a excitação experimentada a partir de estímulos de tipo afetivo (Gastaldi, I., S.D.B. & Perelló, J., 1989).

A experiência sexual é considerada como algo prazenteiro, mas inconveniente para o homem, além de relacioná-la erroneamente como pecado sexual. Confunde o pensamento imoral com o pensamento erótico e o olhar pecaminoso com a contemplação de realidades sexuais. (Gastaldi, I., S.D.B. & Perelló, J., 1989).

A castidade é considerada como a virtude angelical, nutrindo um desprezo por tudo que se refere ao sexo e uma desconfiança fundamental pelo corpo. Apresenta a castidade como insensibilidade ou inapetência sexual (Gastaldi, I., S.D.B. & Perelló, J., 1989).

• Considerar a sexualidade desde uma postura moralista

A pessoa que percebe a sexualidade desde uma perspectiva moralista rejeita todo desvio sexual por motivos extrínsecos: “está proibido”, “me condenarei”, “tenho medo”, “posso me contagiar”, etc. A pessoa acha que as faltas sexuais são faltas porque estão proibidas, de tal maneira que – eliminada a proibição – deixariam de ser ruins. Insiste na lei, na proibição, no vergonhoso, fazendo assim que o impulso sexual se intensifique violentamente. Vive permanentemente com angústia, medo, vergonha, temor de contrair doença ou de ser condenado, temor ao castigo de Deus, etc. (Gastaldi, I., S.D.B. & Perelló, J., 1989).

• Considerar a sexualidade como um tabu

A pessoa que entende a sexualidade como um tabu, a relaciona com o proibido, o oculto, o ameaçante e o sagrado. Implica a idéia de um castigo automático pela violação de um preceito divino. Ao mesmo tempo que suscita admiração e forte curiosidade por conhecer a realidade vedada, gera no sujeito um sentimento de medo e de angústia, de acusação interior e de remorso (Gastaldi, I., S.D.B. & Perelló, J., 1989).

Considerar o sexo como tabu costuma conduzir a um rigorismo moral condenatório e exacerbante. A intimidade corporal e a fonte da vida assumem características que se aproximam à bruxaria, à feitiçaria e aos rituais mágicos (Gastaldi, I., S.D.B. & Perelló, J., 1989).

• Considerar a sexualidade somente do ponto de vista biológico

A pessoa que vê a sexualidade humana somente do ponto de vista biológico, a reduz ao aspecto corporal. Isto conduz a uma moral sexual autoritária, jurídica, fechada, absoluta e imutável para todos e para sempre. Não considera as diferenças socioculturais e seus condicionamentos. Ignora os aportes das ciências e das novas investigações no campo sexual e genético. (Gastaldi, I., S.D.B. & Perelló, J., 1989).

Elementos de maturidade para uma compreensão sadia da sexualidade:

• Diante da postura espiritualista e angelista

A sexualidade não diminui a espiritualidade do homem. Além da sexualidade apresentar uma instância biológica, também nela estão inseridas outras instâncias: psicológica (é uma força construtora do Eu); social (é um fator de socialização, tem um dinamismo de abertura ao Tu); filosófica (configura a existência humana); teológica (a realidade sexual é obra do Criador e todo o corpo é o Templo do Espírito).(Gastaldi, I., S.D.B. & Perelló, J., 1989).

• Diante da postura moralista

As faltas sexuais devem ser excluídas por motivos intrínsecos, ou seja, estas faltas estão proibidas porque, por si mesmas, são más. São más independentemente de qualquer proibição. São más por impedir o crescimento e o amadurecimento do homem, que se realiza e cresce em sua sexualidade orientada ao amor, à comunidade e à vida. Estão proibidas por deteriorar o homem, por não estarem incluídas em um contexto de amor, de compromisso, fecundidade, diálogo e de doação interpessoal. O que está mal no campo sexual é assim porque transforma o ser humano em prisioneiro, acentuando seu egocentrismo, seu individualismo, mantendo-o assim em uma fase de imaturidade.(Gastaldi, I., S.D.B. & Perelló, J., 1989).

• Diante de uma sexualidade considerada como tabu

A sexualidade sempre desperta uma forte atração de conhecimento e de experiência, mas também responde a satisfações pessoais de gozo, paz e contemplação. O sexo não está chamado a gerar vergonha ou repressão, mas alegria, respeito, entrega e êxtase (Gastaldi, I., S.D.B. & Perelló, J., 1989).

• Diante da sexualidade reduzida ao aspecto biológico

A tensão sexual não impulsiona somente à genitalidade e ao erotismo do outro (biologismo), mas à pessoa total do outro. O encontro com o outro é parte essencial e construtiva da pessoa e não um simples instrumento de satisfações pessoais. (Gastaldi, I., S.D.B. & Perelló, J., 1989).


Sexualidade e celibato

Por: Nancy Escalante

Ao falar da sexualidade humana, não podemos nos referir unicamente à genitalidade, já que a sexualidade impregna a totalidade da pessoa humana. É por esta razão que a sexualidade na pessoa celibatária acompanha sua vida e desenvolvimento espiritual.

Por princípio, a pessoa celibatária é um ser sexuado, ou seja, é homem ou mulher, aspecto que abarca toda sua vida, seu nascimento, história, relacionamentos pessoais, experiências, etc. Este aspecto implica corpo, mente, espírito e coração, dando lugar a uma forma feminina ou masculina de relacionar-se, de se comunicar, desenvolver uma intimidade consigo mesmo e com as outras pessoas, etc.

A pessoa que opta pelo celibato não pode deixar de lado o aspecto transcendente da sexualidade, que foi criado e dado ao homem como Dom maravilhoso, que é a força que nos leva a amar, a maneira de ser, atuar, de comunicar-se, de encontrar-se consigo mesmo, com Deus e com as outras pessoas.

A correlação existente entre a sexualidade e a espiritualidade é o AMOR que cria e impulsiona a gerar e a dar. Assim, também podemos falar da sexualidade como essa energia, esse impulso interno e de vida que conduz a pessoa a experimentar a integração de seu ser, gerando uma sã afetividade que se reflete na felicidade, na totalidade, na entrega e no encontro íntimo com Deus e consigo mesma.

Desta maneira é como podemos compreender que a pessoa celibatária não renuncia a sua sexualidade, nem muito menos a AMAR, pelo contrário, renuncia à relação de genitalidade ou de cópula, a toda relação de exclusividade, para assim utilizar toda sua energia afetiva e sexual no amor, na dedicação, na entrega e na doação, o que repercute direta e totalmente na vida espiritual.

Bibliografía

Cencini,A.(1996). “Por amor, com amor, no amor. Liberdade e maturidade afetiva no celibato consagrado”. Madri. Atenas.

Puerto,C. “Sexualidade Celibatária, um caminho de espiritualidade”. Madri.


O que significa ser “Mãe de muitos”?

Por: Sem. Ricardo Valle Andrés

O sacerdote e os consagrados se tornam pais de muitos, algumas vezes caímos no pecado de desejar ter filhos biológicos. É muito bonito pensar que um filho de uma pessoa vai sendo formado, vai crescendo, amadurecendo e recebe esse amor paternal que o enche de cuidados e desvelos. Ser pai de muitos é realmente difícil, é amar e preocupar-se pela salvação e pelo desenvolvimento de pessoas totalmente alheias a você – humanamente falando –, porque para Deus todos somos seus filhos e devemos nos preocupar uns pelos outros.

Ser pai biológico é um dom divino, maravilhoso, é ver seu próprio filho nascer, crescer e ir sendo formado para chegar a ser alguém na vida. O amor que um pai tem a seu filho deve ser grande por ser parte dele.

Ser “pai de muitos” é muito diferente, não são seu sangue, não têm nada a ver com a pessoa no sentido biológico. Amá-los é mais difícil, dedicar-lhes tempo, sentir como próprios seus sofrimentos, etc. É muito difícil, mas gratificante. Este ser pai de muitas pessoas implica entender o Evangelho, saber que o amor é uma ação, não um sentimento. O amor (a=sem /mor=morte) significa outorgar vida e desejar que o outro viva. Para os cristãos, o amor é o mais importante já que todos somos filhos de Deus, todos somos irmãos e temos a mesma dignidade divina. Ser pai de muitos é saber-se amado por Deus e poder transmitir esse amor recebido às demais pessoas.


Dedicar-se por completo a Deus significa esquecer de tudo?

Por: Sem. Ricardo Valle Andrés

Entregar a vida ao serviço de Deus é um dom maravilhoso, é abandonar-se completamente a Ele. Não significa esquecer de tudo, mas de encontrar um valor maior que dá sentido à vida, não ter apegos por ninguém, nem por nada. Na sociedade atual, somos bombardeados por um enorme número de distrações e podemos cair na tentação de querer e lutar por elas, esquecendo-nos do bem maior ao qual nos entregamos: Deus.

“A vocação não é uma renúncia, e sim uma entrega”

Quando uma pessoa dedica sua vida inteira a Deus, não se esquece de tudo, mas sua entrega lhe faz valorizar as coisas de outra maneira. Não tem apegos terrenos, isso quer dizer que não se preocupa com os bens materiais, também não é indispensável sentir-se amado pelos outros, prefere a plenitude do amor de Deus, para assim poder amar evangelicamente a todos.

Sua maior preocupação é ajudar as almas a encontrar a salvação, através da predicação, da escuta, do acompanhamento, da oração e do exemplo de vida.

Nos últimos tempos, predomina o valor das coisas materiais e procura-se a satisfação pessoal oferecida pela sociedade atual. O dinheiro é, para alguns, sinal de felicidade. Isto nos afasta do verdadeiro caminho cristão, esquecemos que o mais importante de possuir é poder compartilhar, nos tornamos egoístas, estamos repletos de apegos e esquecemos que existe algo muito importante que é a Providência Divina. Sendo pessoas de fé, sabemos que nunca nos faltará nada indispensável para viver e assim amar a Deus com todas nossas forças e com todo o coração.

Esquecer do supérfluo e valorizar o que é realmente importante ajuda a compreender e a entregar-se por Cristo aos demais seres humanos.


Vida comunitária e sociedade - O que é o amor?

Por: Sem. Ricardo Valle Andrés

Trata-se de uma pergunta que nos deveríamos fazer todos. Amor é uma palavra que encerra um significado maravilhoso, mas tem sido desvirtuada e, atualmente, não sabemos o que significa, sendo usada sem considerar seu verdadeiro sentido. Infelizmente, foi uma palavra reduzida ao âmbito sexual e se perdeu a valiosa força que estas quatro letras encerram. Realmente amamos?

A Caridade é a terceira virtude teologal, além de ser a principal. É o amor de Deus que habita em nosso coração, amar é ter Deus no coração e compartilhá-Lo com todos. Podemos defini-la assim: “A Caridade é a virtude teologal, pela qual a pessoa ama a Deus sobre todas as coisas, por Ele mesmo (não por interesse) e ama ao próximo por Deus ”.

Existem dois tipos de amor:

• O amor concupiscência: é uma amor por interesse próprio, ama porque considera a outra pessoa útil, agradável ou prazenteira. É o falso amor que abunda no mundo.

• O amor de amizade: é o amor de Deus. Não é interessado. Ama principalmente pelo bem do outro.

O primeiro é o que nos domina, tudo fazemos desde o egoísmo, não atuamos pelo bem de nosso próximo, mas em benefício próprio. Dizemos que amamos, mas, na verdade, estamos utilizando à pessoa, esperamos que nos dê prazer, companhia, nos faça favores, a manipulamos, enfim, deixamos a palavra amor no mesmo nível de um mero sentimento.

O amor não é um sentimento, é uma ação. Quando se ama de verdade, deseja-se que a outra pessoa viva, que esta vida seja doada, proporcionar-lhe o melhor para que possa ser feliz, sua felicidade será a nossa também, porque a compartilhamos. Não se espera nada em troca, a maior recompensa é saber que a outra pessoa está bem, alegre, sentindo-se amada de verdade. É entregar-se esquecendo de si mesmo.

O mandamento principal para o cristão é AMAR, já que o amor contém todos os demais mandamentos. Jesus diz, em Marcos 12, 28-31: “Achegou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, vendo que lhes respondera bem, indagou dele: «Qual é o primeiro de todos os mandamentos?» Jesus respondeu-lhe: «O primeiro de todos os mandamentos é este: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor; amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu espírito e de todas as tuas forças. Eis aqui o segundo: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Outro mandamento maior do que estes não existe».”.

Também são Paulo nos define a caridade em 1 Coríntios 13, 1-12:

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver caridade, sou como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Mesmo que eu tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência; mesmo que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, não sou nada. Ainda que distribuísse todos os meus bens em sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada valeria!

A caridade é paciente, a caridade é bondosa. Não tem inveja. A caridade não é orgulhosa. Não é arrogante. Nem escandalosa. Não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não guarda rancor. Não se alegra com a injustiça, mas se rejubila com a verdade. Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

A caridade jamais acabará. As profecias desaparecerão, o dom das línguas cessará, o dom da ciência findará. A nossa ciência é parcial, a nossa profecia é imperfeita. Quando chegar o que é perfeito, o imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, pensava como criança, raciocinava como criança. Desde que me tornei homem, eliminei as coisas de criança.

Hoje vemos como por um espelho, confusamente; mas então veremos face a face. Hoje conheço em parte; mas então conhecerei totalmente, como sou conhecido”.

Por que nos custa tanto trabalho amar? É uma pergunta que cada um deve responder, analisar como entende esta palavra e até que ponto estamos dispostos a procurar a felicidade do próximo. Já não sabemos dizer a um amigo ou amiga que a amamos, pior ainda, não nos atrevemos porque o amor tem sido tão deturpado que, imediatamente, pensamos que vamos ser mal interpretados; também não o dizemos a uma pessoa necessitada, às vezes a ajudamos, mas sem nunca dizer que a amamos.

Convido a todos a meditar sobre esta palavra, que passemos do sentimento à ação, amar um amigo é querer sempre o bem dele e, se conseguíssemos amar a todos, nosso mundo seria melhor, acabaria tanta maldade e viveríamos mais felizes.

Não tenha medo de amar! Se você se sente amado por Deus e realmente ama a Deus, verá como é simples compartilhar esse amor com nossos semelhantes. Não esqueçamos que todos somos filhos de Deus e, com nossas qualidades, defeitos e pecado, Ele nos ama a todos por igual.


A oração é o centro propulsor de um consagrado

Por: Sem. Ricardo Valle Andrés

A oração é o centro propulsor de um consagrado, nunca deve ser deixada de lado. Fazer trabalhos para os próximos sem a oração pode levar a um ativismo social, mas não é um trabalho evangélico, a partir da fé em Deus. A oração é um alimento importantíssimo que, junto com a Eucaristia, ajuda-nos a ser melhores, nos fortalece contra o mal e mantém nosso espírito vivo.

“Quem tem as chaves da oração pode abrir os céus”

A oração é o centro de um consagrado, é o motor que o ajuda a caminhar, é o alimento que, junto com a Eucaristia, lhe dá vida.

Orar é falar com Deus, de tu a tu, como um filho fala com seu pai e a Deus podemos dizer-Lhe qualquer coisa: o que vivemos, nossas preocupações, o que conseguimos, no que precisamos de ajuda, inclusive conversar sobre nosso dia a dia, assim com faríamos com as pessoas nas quais confiamos e estimamos. A oração é dirigir-se a Deus para louvá-Lo, agradecer-Lhe, reconhecê-Lo e pedir-Lhe coisas que sejam para nosso bem.

O Catecismo da Igreja Católica nos explica, em síntese, que "A oração é a elevação da alma a Deus ou a petição a Deus de bens convenientes" (CEC 2590), isto é, pedir-Lhe o que é bom para nossa alma e nossa salvação. Qualquer coisa que seja contrária a isto, com certeza, Ele não concederá, porque antes de tudo nos ama e nunca faria nada para prejudicar-nos.

Jesus Cristo nos disse “Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo; e teu Pai, que vê num lugar oculto, recompensar-te-á” (Mt 6,6). Esta é uma oração particular, pessoal, na que estamos sozinhos com Deus. Esta oração é fundamental, é verdadeiramente o pilar da vida interior. Com ela nos aproximamos a Deus e nos dirigimos a Ele, nosso Pai no céu está sempre presente e tudo pode (é onipotente e onipresente), e quando Jesus nos indica que vamos a nosso aposento e fechemos a porta para rezar pessoalmente é porque Deus nos quer ver a sós, como um Pai se senta para falar carinhosamente com seu filho sobre as coisas mais particulares, mais transcendentes e mais importantes. Jesus compreende nossa necessidade de consolo, de ajuda, e nos convida a que, na intimidade, nos dirijamos com toda confiança do mundo a nosso Pai para pedir-Lhe o que precisamos.

Jesus Cristo nos dá testemunho de que está em contínua comunicação com seu Pai e nos convida a imitá-lo. Jesus ora no Batismo (Lc 3, 21); em sua primeira manifestação em Cafarnaum (Mc 1 ,35; Lc 5,16); na escolha dos Apóstolos (Lc 6,12). O Senhor passa noites inteiras em diálogo de oração com seu Pai (Lc 3, 21; 5, 16; 6, 12; 9, 29; 10, 21 ss.). Jesus ensinará a seus discípulos que devem rezar todo o tempo (Lc 18,1). A oração de Jesus manifesta sua confiança filial a Deus Pai, que se traduzirá na familiar expressão Abba Pai (Mc 14, 36). O mesmo acontece com as diversas petições que formula na oração sacerdotal(Lc 17), pouco antes de sua Paixão (Mt 26, 36-46; Mc 14, 32-42; Lc 22, 40-46), e no pedido por seus verdugos(Lc 23, 34). Jesus, diante da pergunta de um de seus discípulos, deixou aos cristãos não somente o modelo de sua própria oração, como também um modelo de como rezar(Lc 11,1-4). O Senhor instrui seus discípulos para que façam bem a ORAÇÃO, sem charlatanice (Mt 6, 5-15); com uma postura de humildade, tal como nos indica a parábola do fariseu e do publicano(Lc 18,9-14); em união da fé e da confiança, como requisitos de eficácia para quem reza (Mt 11 , 24; Lc 17 , 5 ss.).

A oração pessoal é imprescindível para a vida de piedade de todos os católicos, então não devemos esquecer que todos os batizados fazem parte da Igreja (e, nesse sentido, somos parte do corpo místico de Cristo); o Senhor nos disse “onde dois ou três estão reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” Mt 18,20. A oração também pode ser feita em conjunto com outras pessoas, inclusive Jesus Cristo dá tanto valor a este tipo de oração que promete estar “no meio de nós” quando a façamos. Essa é a oração pública, que se faz em nome da Igreja, por um ministro destinado legitimamente a este fim (CIC, can.1256; v.III). Este tipo de oração normalmente tem um caráter eminentemente litúrgico, como acontece com a oração do Ofício divino. São Tomás a denominava oração comum e considerava que deve ser feita em voz alta para que o povo fiel tenha conhecimento dela. A oração pessoal é oferecida por quem reza, para a própria pessoa ou para outros.


Como é possível chegar a ser um consagrado humano e espiritual ao mesmo tempo?

Por: Sem. Ricardo Valle Andrés

A vida de um consagrado deve ser a vida de qualquer cristão, entregue a Deus em todos os sentidos. Algumas vezes se chega a perder a bússola, pode-se pensar que o fato de estar consagrado diminui a própria humanidade, afasta dos homens, aproximando a Deus; este é um erro muito grave, soberba pura. Podemos chegar a perguntar: Como é possível chegar a ser um consagrado humano e espiritual ao mesmo tempo?

O maior pecado do mundo, atualmente, consiste no fato de que os homens começaram a perder o sentido do pecado. Hoje em dia, parece que o problema do pecado está totalmente superado, ou então, é considerado em termos radicalmente distintos daqueles usados pela reflexão teológica tradicional. O pensamento de que, com o pecado, ofende-se a Deus é relegado a um segundo plano, diante da consideração de que com o pecado se comete uma injustiça ao próximo e à sociedade.

A misericórdia de Deus é infinita, não devemos duvidar disso, mas não devemos abusar de sua misericórdia e temos de recuperar o temor de Deus, que não é o mesmo que temor a Deus. O temor de Deus é temer ofender-Lhe, saber que, ao cometer um pecado, o estamos negando, dando as costas a Ele e nos afastando da graça.

Na época atual, damos menos importância ao pecado pessoal, “não é tão grave”, “Ele me perdoa”, “isto não pode ser pecado”, etc. Mas sim nos afeta ofender o próximo, o que dirão as outras pessoas e outras coisas impostas pela sociedade, mas sem pensar no divino.

Um ser espiritual, e assim deveríamos ser todos nós, cristãos, tem consciência do bem e do mal, isso não impede que tenha tentações, algumas vezes possa cair, mas – normalmente – não cai. Por que não cai? Sua espiritualidade é a força para lutar contra o pecado e a oração é sua arma mais poderosa. Isto lhe permite não se tornar escravo do pecado.

A dimensão espiritual não o salva da tentação, ao contrário, o mal vai arremeter mais contra este ser. Sabe que derrubar uma pessoa que está em grande comunhão com Deus é um triunfo enorme, por isso é mais cruel com as pessoas que procuram, com testemunho e exemplo de vida, ser fiéis a sua fé.

Um consagrado é alvo do mal, sua debilidade humana deve ser reforçada com a oração e a contemplação. Jamais deve esquecer sua pequenez,nem tentar a Deus dizendo “Eu sou forte, eu posso”. Nunca deve se arriscar, deve ser cauteloso, mas – sobretudo – uma pessoa de convicções firmes e de oração intensa.

Sua fraqueza humana não está em contra de sua espiritualidade, ao contrário, uma coisa ajuda a outra. Se alguém cair em tentação, deve se levantar rápido e não ficar na autocompaixão e no sentimento de culpa, confiar na misericórdia divina o ajudará a seguir adiante.



Minha relação com Deus e com o próximo

Por: Nancy Escalante

Para conseguir ter uma relação íntima com Deus, o principal é ter plena confiança Nele, e esta confiança não será alcançada se não estiver fundada no amor de um Deus bondoso e misericordioso.

O fato de viver uma vida consagrada a Deus não necessariamente implica que experimentemos uma relação íntima e profunda com Ele, isto é, a confiança é o sentimento principal para poder conseguir uma verdadeira e profunda experiência com Deus. Esta confiança nos permite conhecer um Deus bondoso e misericordioso, que não somente é capaz de conhecer e entender nossas necessidades, mas que também pode saciar a mais intensa ansiedade ou sensação de vazio que possamos experimentar. Em outras palavras, esta confiança e experiência de Deus é o que nos permite, por sua vez, viver os dons da fé e da esperança, até mesmo nas piores dificuldades da vida, assim como experimentar uma verdadeira relação íntima e profunda com Deus.

Neste sentido, a confiança, o fato de se deixar cair nos braços de Deus, não somente nos permite aceitar totalmente a bondade divina, como também – por sua vez – nos permite conhecer quem somos, a nossa capacidade inata de bondade, de generosidade e de amar a nós mesmos e aos demais, dando como conseqüência uma melhor relação com todo aquele que estiver ao nosso redor.

Pelo contrário, quando temos um conceito de um Deus castigador, pouco ou nada misericordioso, não é possível confiar Nele, em nós mesmos, nem muito menos nas outras pessoas, por isso, é provável que este sentimento de insegurança, de medo e de solidão que produz a falta de confiança em Deus, não somente impeça que experimentemos uma verdadeira e profunda intimidade com Ele, mas também nos leva a experimentar o mundo externo como um mundo hostil e ameaçante, o que – na maioria das vezes – leva a pessoa a se fechar em si mesma.

Esta atitude de onipotência é conseqüência da falta de confiança em um Deus bondoso e misericordioso, sendo a causa do fechamento da pessoa em si mesma, a ponto de não ser capaz de olhar a seu redor com verdadeira entrega e amor, nem é possível que experimente um verdadeiro encontro com Deus, o que produz na pessoa uma sensação de vazio, de insatisfação, de frustração e, até mesmo, um sentimento de desconfiança com Deus. Assim, concluímos que para alcançar uma relação íntima com Deus, o mais importante é ter plena confiança Nele, esta confiança não se consegue se não estiver fundada no amor de um Deus bondoso e misericordioso.



Nada me falta!

Por: Simoni Cavazanni

A oração dirigida nos ajuda a buscar a intimidade com Deus. Durante muito tempo, utilizei na minha oração cotidiana as seguintes palavras:

“O Senhor é meu pastor. Nada me falta. Em verdes pastagens me faz repousar; para a fonte tranqüila me conduz e restaura minhas forças” (Salmo 23:1-3a)

Rezava com essas palavras pela manhã, procurando estar concentrada apenas no que estava dizendo. Depois, as dizia, em vários momentos do dia, durante minha jornada de trabalho, em meio ao corre-corre, para lí e para cí.

às vezes, elas [palavras] pareciam contrastantes, pois à minha volta, o cenírio parecia muito diferente: ruas intransitíveis, pessoas apressadas, lugares tristes e pesados, mas eu continuava a proclamar: “O Senhor é meu pastor (...)” e ia permitindo que essas palavras penetrassem o meu interior e tomassem conta de mim. Assim, eu ia experimentando este "pastoreio", que apesar das ruas congestionadas, do vai-e-vem das pessoas apressadas e dos lugares tristes não me contam a verdadeira história do que eu sou.

Não pertenço a este mundo materializado, nem mesmo aos poderes que o governam. Eu sou do meu Pastor, Ele me conduz, por isso nada me falta. Ele me leva para a fonte tranqüila e restaura as minhas forças. Na presença do Senhor não existe mais nada que eu queira. De fato, Ele me dá o descanso por que meu coração anseia e me tira de toda a escuridão da depressão.

É bom saber que milhares de pessoas vêm utilizando essas palavras desse Salmo durante séculos e nelas encontram descanso e consolo. não estou sozinha, muitos em algum momento de suas vidas, tiveram a mesma experiência que eu ao ler e rezar assim. Tantos homens e mulheres fizeram destes versículos sua oração mais íntima com o Pastor de suas vidas, e eu, agora, posso neste tempo, unir-me a elas na certeza de que estas palavras continuarão a ser recitadas por todos os séculos.

www.cancaonova.com / simoni@cancaonova.com

Missioníria da Comunidade Canção Nova há quase 13 anos. Atualmente trabalha com a Escola de Evangelização Santo André, que está ligada também a formação de evangelizadores, de dentro e fora da comunidade.


Virgindade e Castidade

Por: Nancy Escalante

A virgindade precisa da presença do Deus vivo no coração consagrado.

Costumamos escutar e até mesmo falar do valor da virgindade, mas – em algumas ocasiões – muitos temos um conceito limitado sobre o que significa e implica em sua totalidade o conceito de virgindade.

Por esta razão, considero necessário mencionar que a VIRGINDADE significa pleno consentimento ao pleno domínio de Deus, à plena e exclusiva presença do Senhor. Portanto, é somente o próprio Deus o mistério final e a explicação total da virgindade (1).

É assim como, apesar da natureza complementar do homem e da mulher, quando Deus verdadeiramente vive em um coração virgem, a necessidade de complementaridade homem/mulher deixa de existir, já que o coração está ocupado e realizado plenamente.

Neste sentido, quando Deus não ocupa plenamente um coração consagrado, aí nasce a necessidade de complementaridade na pessoa consagrada, isto porque a virgindade sem Deus se torna um absurdo para a pessoa humana, perde sua conotação espiritual e sobrenatural, transformando-se em uma vida de repressão, na qual a virgindade e a castidade – ao perder sua razão de ser – se tornam uma fonte de instabilidade emocional, mais que uma fonte de paz e de encontro com o Deus vivo. Somente Deus é capaz de despertar a maior chama de amor e de harmonia no coração de uma pessoa solitíria e silenciosa. É aqui onde Deus realiza o dom da liberdade na vida consagrada, é essa a razão pela qual um coração consagrado – no qual habita a presença verdadeira de Deus – não depende de nenhum ser humano, sendo somente assim que o coração virgem e casto pode amar profundamente, entregar-se por completo e permanecer em Deus (2).

Portanto, se Deus é o mistério e a explicação da virgindade, podemos dizer que, quanto mais virgindade e castidade, mais capacidade de experimentar a presença viva de Deus e, portanto, maior a capacidade de amar universalmente. De tal maneira que a virgindade e a castidade são também plenitude e liberdade.

“Maria é uma profunda solidão – virgindade – povoada completamente por seu Senhor Deus. Deus habita seu coração completamente. Essa figura humana que aparece nos Evangelhos tão plena de maturidade e de paz, atenta e serviçal com as pessoas, é o fruto da virgindade e da castidade vivida perfeitamente”.


Bibliografia

(1) Cfr. Larra±aga, Ignacio. “O Silêncio de Maria”, Edições Paulinas, Bogotí, 1990, pp.99-101, pp.214

(2) Ibidem


O celibato: perda ou ganho?

Por: Paulina Monjarraz

Feitos para amar

“Deus nos amou primeiro”. Esta é uma frase que, com certeza, escutamos ou lemos na Epístola de são João: “Deus nos amou primeiro”, se nos déssemos conta do significado desta realidade, nosso coração explodiria e tudo passaria a adquirir um sentido pleno, até mesmo nossas tristezas e angústias – talvez sem deixar de senti-las – teriam sentido e não nos levariam ao desespero.

O Amor absolutamente gratuito e original de Deus é a razão pela qual todos os seres humanos têm uma profundíssima necessidade de ser amados e de amar. Todos precisamos amar porque estamos feitos por e para o Amor. Realmente, a maioria ou quase todos os grandes males de nosso mundo têm sua origem em uma carência ou falta de amor. Para alguns, poderia parecer uma solução brega e, inclusive, ingênua, pensar que o amor é a grande solução de nosso mundo, mas não é assim, porque não é uma solução fácil ou light, é – na verdade – “a solução” que está implícita em toda a doutrina de salvação de Jesus Cristo. É dentro deste contexto de redenção, de salvação, que se deve compreender o “por quê” e o “para quê” da “renúncia” ao amor conjugal das pessoas, seja para consagrar-se a Deus ou para viver o celibato apostólico.

Alguns poderão perguntar se é correto falar em termos de “renúncia”, pela carga negativa que tem esta palavra. Certamente, a renúncia implica deixar algo, sim, mas isso não significa perder sem ganhar. Seria mentiroso dizer que não se deixa algo, sobretudo algo tão apreciado e abençoado por Deus, como é o amor conjugal, no entanto, essa renúncia é deixar o menos pelo mais.

Perda ou Ganho?

Por que o menos pelo mais? Os casados serão menos santos do que os celibatários? Não, aqui não estamos falando em termos de santidade pessoal, porque a santidade pessoal é a correspondência à graça que Deus nos deu, portanto, ninguém é mais ou menos santo pelo estado ou pela vocação à qual Deus o chamou, mas por sua correspondência a esta vocação. No entanto, falar de celibato ou consagração significa ir além de nossa disposição natural ao correto amor entre um homem e uma mulher, significa mover-se em uma dimensão sobrenatural e, por isso, ultrapassa as forças e disposições puramente humanas. Portanto, o celibato é um dom de Deus, uma graça que Ele acrescenta à nossa natureza para que esta renúncia seja possível e amável; para que seja um ganho e não uma perda.

Portanto, a pessoa que decide responder a este chamado de Deus não é alguém que não ama ou que não tem os mesmos desejos e necessidade de amar e de ser amado daqueles que decidem se casar. Não, ao contrário, esta pessoa chamada por Deus dilata mais sua capacidade de amar e de ser amado porque dedicará todas as forças de seu corpo e de seu espírito para fazer chegar o amor de Cristo a todos os lugares, todo tempo, a cada ser humano, sem que nenhuma outra obrigação tenha prioridade sobre esta.

Celibato e sexualidade

No entanto, uma mulher ou um homem que vivem o celibato poderiam pensar ou perguntar-se, com toda simplicidade e sinceridade, então, para que serve meu corpo, para que minha sexualidade, se eu não serei mãe ou pai? Em primeiro lugar, é preciso redimensionar ou localizar nossa própria corporeidade, é importante compreender que o ser humano é uma unidade de corpo e alma, na qual o corpo não é um estorvo para o espírito ou uma ocasião de pecado. É preciso afirmar o sentido positivo e real de nossa corporeidade e, assim, podemos dizer com certeza: “Eu sou meu corpo”, embora não somente meu corpo. Não obstante, talvez o erro incluso nesta pergunta seja uma redução do corpo à sexualidade e uma redução da sexualidade à pura corporeidade. O fato de não exercer nossa sexualidade para engendrar não quer dizer que não exerçamos nossa masculinidade ou nossa feminilidade. A pessoa não “tem um sexo”, pelo contrário, é uma “pessoa sexuada”, o que significa que somos homens e mulheres em todo nosso ser, não somente em algumas partes de nosso corpo. Assim, tudo o que fazemos: sentir, trabalhar, pensar, sorrir, etc., o fazemos como homens ou como mulheres. Portanto, também esse serviço ou doação aos demais seres humanos, para levar-lhes o amor de Cristo, é feito com toda nossa masculinidade ou com toda nossa feminilidade.

Quando o primeiro mandamento nos diz: “Amarás a Deus com todo seu coração, com toda sua alma e com toda sua mente”, nos está dizendo que o amor a Ele não é um amor que nos reprima ou nos encha de proibições e muito menos que anule nossa masculinidade ou nossa feminilidade. Ao contrário, as plenifica em seu sentido original, mandado desde o Gênesis, “de ser fecundos”, porque essa “renúncia” não anula o amor, mas o expande a todos aqueles que – mesmo tendo sido gerados na carne, sem amor – poderão receber o amor de Cristo por esta “renúncia” que permite sempre dar mais... Um exemplo próximo e amável deste desenvolvimento da maternidade na vida consagrada, podemos ver maravilhosamente encarnado na madre Teresa de Calcutá, que pôs todo seu coração de mulher em amar todos essas crianças, cujos pais não puderam ou não quiseram amar e acolhê-las.


Seja ridáculo! O catolicismo público foi para a “cucuia”?

Por: Patrícia Medina - fundadora da Obra Oblata Christus Sacerdos

Cena 1: Uma família almoça num grande shopping da cidade num domingo. Após terem colocado suas bandejas nas mesinhas, a numerosa família faz o Sinal da Cruz e, mãos em prece, reza antes de iniciar a refeição. A família atrai não poucos olhares e cochichos.

Cena 2: Um médico ginecologista, ao ficar sabendo da 4a gravidez de uma mulher, sugere uma laqueadura. Ela lhe responde “Não, sou católica”. O médico, espantado, diz: “e daí, eu também!”.

Cena 3: Num curso de noivos aqui em Curitiba, um casal orgulhosamente se declara “católico-espírita”. E acredita piamente que não só isso é possível, como também correto e ideal!

Cena 4: Ao entrar num estacionamento no centro da cidade, o manobrista, vendo uma mulher vestida com uma saia longa, pergunta: “A senhora é de que igreja?”. A senhora em questão era católica.

O que estas cenas tem em comum, além de serem reais? A dificuldade cada vez maior de respirarmos e vivermos em ambiente católico, ou seja, de vivermos uma vida orientada pelos valores e práticas católicas. Vamos e venhamos: não vivemos mais num mundo orientado pelos valores cristãos. Estamos carecas de saber! Mas o que estamos fazendo para mudar isso? Temo que nós, católicos, leigos, religiosos, padres, todos estejamos nos tornando conformistas!

E por que estamos nos conformando? Porque é mais fícil! Vejam bem! “Comprar o pacote” do catolicismo hoje em dia é ser ridáculo! Sinal da Cruz em público? Que ridáculo! Muitos filhos? Que ignorância! Rezar o terço no ônibus? Que patético! Afirmar e defender a teologia moral da Igreja Católica? Que “pouco inclusivo”! Ajoelhar-se? Que pouco digno! O católico que não incomoda é aquele que não defende sua Igreja nem se deixa afetar interna e externamente pelas exigências do Evangelho. É o católico reprimido, escondido, disfarçado.

E qual é a solução? Chamo a solução de “Martírio do ridáculo”. É martírio porque envolve uma defesa da fé. Uma defesa plena, consciente, sem vergonha “de estar no mundo sem ser do mundo”. É um martírio “do ridáculo” porque, ao expressar externamente todas as conseqüências da minha piedade, o mundo me julga e assim, por causa do meu orgulho, eu sofro. Mas esse sofrimento é bom e desejável!

O martírio do ridáculo, assim como o martírio de sangue, nos leva a Deus. Só que nos mata um pouco a cada dia, além de matar o nosso orgulho. Assim, porque assistir (e depois comentar) novelas que desgraçam o catolicismo e a vida religiosa? Porque calar quando tantas almas podem se beneficiar pela sua defesa pública da fé? Porque admitir uma moralidade permissiva aos filhos adolescentes só pelo medo de “ser careta”? Porque falar de gnomos, signos, reencarnações e todo tipo de tolice é aceitível e respeitado, mas falar do céu é “ingenuidade piedosa”? Por quê? Porque é mais fícil? Ora, pelo que me consta, o fácil não leva ao céu. A cruz, no entanto, leva!

Católicos! Sejamos ridáculos! Padres, sejam muito ridáculos! Religiosos, sejam ridáculos! Os santos foram ridáculos aos olhos do mundo, mas sábios aos olhos de Deus! Quando perdermos o medo do ridáculo, começaremos a amar a Deus com mais coragem e menos orgulho.


Tu és o dia; Tu és a noite

Por: Peter Lippert

Um diálogo entre Jó – que aqui simboliza todo o ser humano com sede de verdade – e Deus, que se dá a conhecer ao mesmo tempo em que permanece intangível à nossa razão.

• TU ÉS O DIA

Senhor, permite-me que fale agora do muito que me agrada o teu mundo! É com tranqüilidade e bem-estar, com um sentimento de posse que acomodo na terra, como se ela fosse a minha casa!

Tu colocaste no céu azul um sol maravilhoso. Como hei de agradecer-to? Como manifestar-te a sensação de beleza indescritível que me causa o calor dos seus raios? E a luminosidade que esse sol derrama sobre a terra, sobre os montes e mares e vales! É verdadeiramente boa esta tua obra! Mas maior felicidade ainda me causa o sol que nos ilumina o íntimo. Podermo-nos olhar a nós mesmos, ter conhecimento das nossas pessoas, examinar a nossa actividade, ver o contínuo refluxo da vida do nosso coração, tudo isso é uma maravilha superior à que nos é oferecida quando contemplamos o vaivém do mar e a revolução das tuas estrelas. E a luz do sol, incidindo sobre os montes, o curso das estrelas, só são verdadeiramente belos, só causam uma felicidade radiante que nos atinge o âmago da alma, quando simultaneamente nos damos conta das palpitações do nosso sentir e do tecido luminoso dos nossos pensamentos. Faz-se dia à nossa volta quando se faz dia em nós e o céu só é bem azul, significativo e melodioso, quando olhamos as paisagens da nossa alma. Como são de lamentar os pobres animais desprovidos de intelecto que vivem nas tuas florestas e nos nossos estábulos, por não poderem ver o dia verdadeiro, por rastejarem, amarrados ao crepúsculo dos seus sentidos e das suas almas cativas. Que sabem eles de si e de nós, dos problemas últimos, dos horrores e da sabedoria da existência? Por isso, nada aproveitam do verde dos prados e do calor dos estábulos.

Mas nós temos dia no nosso ser, dia que ilumina também o mundo. Por cima do escuro rugir das ondas da existência, está uma luz clara que nos aguça a vista e o entendimento, que nos liga a todos os seres, sem nos prender nem prejudicar, que nos abre profundezas que não nos devoram. Oh, a luz do entendimento, o milagre do saber! Libertam-nos do freio do momento que passa – oferecem-nos o passado e o futuro; e arrancamo-nos assim à estreiteza do cantinho ocasional em que nos encontramos. Ganhamos largueza e espaço e tudo o que estes compreendem; satisfaz-se o impulso que nos leva para tudo o que é longínquo, porque é pelo conhecimento que a nossa alma se espraia por onde algo existe e o absorve na luz do seu dia íntimo. Esquecemos, então, a dor silenciosa que nos possa ser causada pela nossa atividade, porque a vemos pequena e mesquinha, qual grão de areia revolvido pelas ondas. O nosso saber alarga-se e abrange tudo, abrange o Universo. Sou o senhor de tudo o que compreendo e encontro-me no centro daquilo que vejo.

O meu caminho de luz estende-se mesmo até junto de ti. Emito os meus pensamentos e estes, elevando-se para ti, envolvem-te e trazem-te até mim. Possuo-te, na medida em que penso em ti. E ao pensar em ti, penetro-te de modo a poder falar-te, uma vez que estás tão próximo, nos caminhos flutuantes do meu pensar. Consigo atingir-te com os meus raios que se aconchegam à tua volta, consigo envolver-te no tecido dos meus pensamentos, como se fosses uma criancinha que eu tivesse dado à luz. No entanto, eu não te criei pelo esforço da fantasia; recebi-te, rodeei-te com os meus braços, absorvi-te e trago-te por toda a parte comigo. Assim te fizeste meu.

É este o dia que brilha em mim e, por vezes, chego a ter a impressão de que é o dia que eu próprio criei e do qual me posso orgulhar. Sou eu que olho à minha volta, que escuto e relaciono tudo o que experimentei e vivi. E assim criei, pela segunda vez, em mim, o teu mundo, como também a ti; consegui possuir em mim aquilo que és e fizeste para além do meu eu. Mas trata-se afinal do teu dia, do dia que Tu criaste. Foste Tu que me deste o poder de penetração e entendimento que possuo; foste Tu que criaste a luz que te ilumina, a ti e ao teu mundo; foste Tu que abriste em mim os olhos do espírito, essa luz que me permite ver. E sobre ela colocaste o mundo, para que eu pudesse entendê-lo, um mundo compreensível, embora apenas em parte. Porque o incompreensível que o mundo apresenta ultrapassará, de longe, o nosso entendimento. À superfície, ele é simples e claro, tão simples e tão claro que uma criança o pode entender. Mas tudo o que se encontra sob essa superfície, só Tu sabes. Todavia, deste-nos um entendimento de criança e colocaste à volta do mundo uma pequena camada transparente que nos foi destinada.

Deste ao mundo unidade, conexão e entendimento para nós. Tornaste simples o curso das estrelas e a queda dos corpos, para que os pudéssemos compreender e saber de antemão como se movem e caem. Estruturaste a seqüência das estações, com riqueza e variedade, mas também com simplicidade e exatidão, para que pudéssemos acompanhá-las e ver como se articula a sua engrenagem. Chegaste mesmo ao ponto de tornar o meu mundo agradável, para que o achássemos belo, a nosso gosto. As estrelas percorrem arcos simples e grandiosos através do espaço, as tuas plantas e animais apresentam formas inteligíveis, graciosas, encantadoras, gratas à vista. Não te limitaste a apresentar-nos as coisas envoltas em luz; deste-lhes cores belas e suaves, benéficas para o nosso espírito.

Até mesmo sobre os mais profundos enigmas que enfrentamos, paira um misterioso reflexo de beleza que podemos compreender. Sobre o temível sinal da Cruz e do Crucificado, sobre todos os quadros de dor e sobre o martírio sangrento dos teus santos, há um brilho maravilhoso, que já vimos e que as nossas mãos tentaram imitar. Esse brilho iluminou as paredes mortas das nossas construções. Pintamos vultos luminosos nas nossas paredes e colocamo-los sobre os teus altares. Que bela deve ser a luz que Tu dimanas, para que mesmo no sofrimento e na morte haja ainda um vislumbre de beleza que Tu aí fizeste incidir – e tudo isso para nós.

Tu prestaste um poderoso auxílio à nossa ânsia de saber. Fizeste mais ainda: indicaste para onde devíamos olhar; dirigiste-nos palavras, palavras capazes de transpor o nosso entendimento, para além das densas barreiras do desconhecido. Tal como se toma uma criança nos braços para ela poder olhar, por cima de uma sebe, para um jardim estranho, Tu chamaste o nosso espírito e permitiste-lhe olhar o teu mistério. Ensinaste-nos palavras plenas de conteúdo; e embora elas nos pareçam estranhas e só desajeitadamente as consigamos imitar, embora na nossa boca elas percam algo de verdadeiro que possuem em ti, ainda assim nos iluminam mistérios e milagres, os milagres do teu amor e da tua misericórdia, como Tu lhes chamaste, que iluminam o sentido último do teu pensamento e atividade e as promessas das nossas relações contigo. Todos os homens ávidos de saber, todos os teus adoradores na terra choraram lágrimas de alegria pelo poder de visão que lhes concedeste. Até mesmo as pobres palavras balbuciantes que imitamos de ti, estão tão cheias de um vigor doce e enérgico que nunca nos cansamos de saborear.

Assim, Tu colocaste o teu mundo e a tua atividade, quase te colocaste a ti também, em pleno dia, em plena luz. Tudo se tornou inteligível, tudo se tornou claro, transparente e compreensível. Todo o teu mundo e Tu próprio, tudo segue as leis da beleza e harmonia que nós podemos compreender. Tudo é ordem, unidade e precisão e nós regozijamo-nos sempre que o verificamos. É este o dia que Tu criaste, o dia em que Tu nos apareces.

Teremos então o direito de pensar que é o teu dia? Aquele em que Tu próprio vives? Que és uma luz própria que de ti irradia e ilumina colinas e vales e mares deste tempo? Ó, então este dia que percorremos teria beleza e doçura infinitamente maiores e eu compreenderia a razão por que todos os espíritos repousam com bem-estar e alegria na luz deste teu mundo. Se nós na sua luz pudéssemos ver a tua própria luz!

Só em luminosidade infinita podemos imaginar a tua vida, uma vida que decorre num brilho intenso, incomensurável, a envolver-te a ti e ao espaço. E essa luz seria a mesma que nos envolve a nós e ao nosso espírito. A clareza, a ordem, a harmonia e a beleza que tanto amamos, existiram também em ti. Teríamos o direito de pensar que as órbitas, segundo as quais se movimentam os teus astros, e a imensidade das tuas plantas e animais, são também para ti motivo de beleza. Poderíamos tomar a luz do dia como guia para nos levar a ti. A clareza, a ordem, a razão seriam sempre um sinal de que nos aproximamos de ti, de que estás perto de nós. E pelo contrário, tudo o que para nós é obscuro, sombrio e confuso significaria que te perdemos de vista. Poderíamos até determinar os contornos do teu vulto, poderíamos, pelo menos, dizer onde terminas, onde deixas de existir, onde reside para ti a impossibilidade: no ponto onde pára o nosso espírito começam o contra-senso e a loucura, o vazio, o nada e a maldade.

Temos, portanto, uma mesma língua materna. As palavras que o nosso espírito pronuncia, as palavras de entendimento, de saber, de reconhecimento criador, estas palavras do nosso íntimo ressumam o mesmo significado que enche a tua palavra eterna, aquela que pronuncias em ti próprio. Nós compreendemo-nos porque Tu ensinaste a tua palavra paterna que passou a ser a língua comum do nosso espírito. Meu Deus! Nós vivemos numa mesma luz, falamos uma mesma língua, obedecemos a uma mesma lei – Tu, Nosso Senhor! Sentimos a alegria inefável da tua proximidade. Tu és o teu dia e és também o meu.

• TU ÉS A NOITE

Senhor, como poderá acontecer que nos fatiguemos até mesmo do dia, do teu dia? Não por capricho, por não suportarmos a demasiada doçura da tua luz, mas porque somos levados, na verdade, a duvidar da luz do dia! Não nos enganará ela sobre as profundezas que esconde, sobre esses abismos tenebrosos, insondáveis e misteriosos, que não são dia, mas noite?

Mesmo quando eu ainda gozava pacificamente e me embriagava com a luz do dia, já despontava em mim uma dúvida que me fazia perguntar a mim próprio: esta claridade cristalina, estas evidências tão agradáveis, esta transparência, não serão apenas a superfície do teu mundo? Não a terás feito propositadamente para nós, teus filhos tímidos? Era impossível que, um dia ou outro, não viéssemos a notar que a transparência e a claridade superficial das coisas não são tudo, não contêm toda a realidade!

O nosso dia tende constantemente para um crepúsculo. A nossa razão embota-se e esvazia-se, as nossas classificações tornam-se estreitas e rígidas, a nossa inteligência não é afinal mais que uma peneira que deixa passar tudo o que gostaríamos de reter, deixando-nos apenas palha. Os homens de ordem, de razão, de reflexão clara e fria nunca escapam à estreiteza rígida e à cegueira. Justamente aqueles que pareciam estar na luz mais crua, tornam-se sempre cegos. Terá sido a tua luz que os cegou? Eles constituem então um entrave para todo o impulso vital. A claridade que tanto apreciamos torna-se fria, quase dura. E gelamos no meio da nossa razão. Tudo se transforma em gelo límpido, mas morto. É então que duvidamos da nossa ordem e da nossa lógica, da beleza e vastidão dos nossos conhecimentos, da duração e precisão do nosso saber, em que julgávamos poder gozar de uma segurança perfeita.

Quando o nosso espírito se abre totalmente, tornando-se clarividente, a nossa lucidez apavora-nos então, como um preâmbulo de demência. Atormenta-nos a lógica impiedosa do nosso pensamento, como se estivéssemos presos a uma roda em contínua rotação. Os nossos conhecimentos arrastam-nos para os cumes gelados da dúvida e da saciedade, onde toda a vida paralisa. Será o nosso pensamento um vampiro que nos suga o sangue? Elevamos, para além do real tangível, construções cuja ousadia ultrapassa todos os planos do visível. Não teremos construído no vazio?

Nós temos uma vida própria, cuja interioridade complexa e requintada nada tem de comum com a vida apagada dos sentidos, das árvores e dos animais. Com que orgulho lhe chamamos vida do espírito! Mas talvez ela não seja mais que um triste engano. Talvez sejamos vítimas de um gênio mau e astuto, quando pensamos e criamos, quando estabelecemos lógicas, raciocínios e sistemas sabiamente elaborados. Porque esta vida do espírito, de que nos orgulhamos, gera também os nossos desfalecimentos, as nossas impaciências, as nossas suscetibilidades, os nossos fanatismos e as nossas crueldades. É no campo do espírito que travamos os nossos estúpidos combates contra moinhos de vento e sofremos derrotas ridículas. As nossas façanhas espirituais!

Não nos preveniste já que o nosso saber nos torna jactantes? É mais que certo que nos tira a ternura de coração, o abandono e a generosidade, que nos enfraquece. Afilamos os pensamentos até que a ponta se parte, somos lógicos nos nossos raciocínios até à loucura, mas nunca somos conseqüentes nas nossas ações – até à mentira. Mas é possível que nos salvemos muitas vezes nesta contradição, visto que será a negação dos nossos raciocínios a manter-nos sãos. A mentira tem que nos salvar dos nossos excessos de razão. Não poderemos olhar o fato como uma autêntica flor das trevas do nosso espírito?

Nós quereríamos abranger a realidade numas poucas frases inteligíveis, em planos e conclusões. E uma vez tudo cuidadosa e habilmente construído e combinado, eis que somos forçados a constatar que os nossos reservatórios não retiveram as águas em eterna corrente. Fabricamos tonéis sem fundo, lançamos redes para prender os raios do sol. Deparamos constantemente com aparências diferentes das que esperávamos, sempre ligeiramente diferentes, como que para nos desfrutar; há sempre algo que ultrapassa as nossas previsões. Quantas tabuletas de interdição se encontram por toda a parte, na terra dos homens, proibições que a realidade descuidadamente ignora! A realidade troça da nossa verdade; e nós tínhamos pensado que a realidade e a verdade eram indissolúveis! Por isso a nossa verdade nos parece por vezes tão árida e gasta, como que feita de palha. É maçadora, torna pesado o impulso das nossas asas.

Os cuidados que temos de dispensar à nossa verdade – porque temos de o fazer –paralisam-nos a vontade; até mesmo a nossa bondade recua perante o dedo curvo e ameaçador da nossa verdade, porque está de certo modo consciente da sua culpa. E quando nós, finalmente, cansados de fazer concessões, ultrapassamos ousadamente estas verdades gastas, verificamos que não eram mais que espantalhos. De realidade apenas tinham os traços e o nome; vida alguma lhe animava os membros rígidos e desengonçados.

Mas então vamos, na verdade, duvidar do dia? Do dia feito pelo Senhor? É impossível que Tu desejes ver-nos esquecer e renegar a prudência, a inteligência e a claridade para seguirmos, às cegas, os nossos impulsos. E no entanto, parece ser essa, por vezes, a tua intenção. Porque a prudência a que nos referimos faltou muitas vezes aos teus santos; dissiparam sem poupar; avançaram impetuosamente sem olhar para trás. Desfraldaram todas as velas ao vento das tuas tempestades; e sem prudência, ultrapassaram todas as realizações das nossas prudências. E eras Tu que os conduzias pela mão, que os guiavas através das advertências das nossas estreitas circunspecções. Sim, és Tu que nos arrancas à bela quietude dos nossos dias trasbordantes de luz, que nos impeles continuamente para a noite. Ensinas-nos, sem cessar, que os nossos dias provêm das trevas.

É do escuro e inexplorado que jorram águas novas, fontes vivas, quando as antigas secaram; lá bem do fundo, de profundezas que sol algum ilumina. É do subconsciente, das trevas de um poderoso impulso de criação e de vida, do fundo de corações trasbordantes, que surge e se renova constantemente a água viva. Na noite, para além de toda a reflexão e previsão, são espalhadas novas sementes; tempestades doidas renovam as tuas estrelas que envelhecem e fecundam de novo os espíritos fatigados.

É assim que Tu vivificas, que Tu regeneras, que Tu libertas na noite, onde já não chega a luz do nosso pensar. Tu habitas a noite. Serás acaso essa noite? Serás apenas a contradição do nosso dia ou renegarás igualmente o teu próprio dia? É assim que nos apareces: destróis o que edificas, apagas o que iluminas e abençoas o que jaz nas trevas. Quem já alguma vez aventurou um olhar para a tua noite – oh!, um homem só de muito longe o pode fazer, para não morrer-terá sentido a tentação de passar a crer apenas na voz das profundezas, naquilo que se encontra sob esta superfície diáfana, brilhantemente iluminada. Toda essa transparência, toda essa ordem parecem-lhe uma trama vazia, restos ou palha, semelhantes à nuvem de pó que os processos de transformação deixam atrás de si, cintilando um momento à luz do sol. Por outro lado, o imponderável, o imprevisível, o inconcebível, o indizível surgem por toda a parte e conquistam o mundo. Os nossos conceitos cuidadosamente elaborados ficam reduzidos à insignificância, os nossos sistemas adquirem um ar ridículo, os nossos pensamentos sublimes não são mais que uma miragem longínqua, que nos foge quando a vamos agarrar. E fica-nos a realidade, tão diferente dos nossos mais sublimes pensamentos. Uma realidade sombria, ameaçadora e cheia de perigos, onde não cabe aquilo a que chamamos ordem – a ordem que tanto amamos –, onde não há constância, harmonia, beleza nem tranqüilidade! Uma realidade que é uma revolução contínua, um redemoinho, um turbilhão, uma fuga desordenada e um eterno recomeçar, semelhante às ondas do teu mar que correm constantemente para as praias, para logo recuar e tornar a avançar -tudo absurdo, inconsciente, forçado.

É esta, sem dúvida, a tua vontade. Tem de haver noite, porque Tu próprio és a noite. És esse impulso obscuro que perpassa pela tua criação, a vaga desordenada e tumultuosa, o caos. Mas é justamente neste caos que reside a tua fecundidade criadora. Em ti, o informe é pleno de beleza e o obscuro radiante. Em ti, o impulso selvagem é pleno de bondade e a tempestade devastadora transborda de colheitas futuras.

Por isso as nossas inspirações vêm desse abismo obscuro – por grandes que elas possam vir a ser em nós! Se quisermos ganhar forças vivas, beber das fontes do ser e da vida, teremos de abandonar os caminhos luminosos da nossa experiência quotidiana e fechar os olhos antes de ousar saltar para o teu abismo. Para nos unirmos totalmente a ti, para vibrarmos em uníssono com a vida, teremos de nos deixar cair nessa noite sagrada, prenhe de mistério, onde as nossas meditações, reflexões e apreensões adormecem. É preciso que as tuas sombras nos cubram o espírito para que possa vingar o fruto da tua vida, que nos depuseste no seio.

Por conseguinte, Tu és o dia e a noite e nós somos apenas crepúsculos. Por isso a história que nos relata a tua criação acrescenta após cada uma das tuas obras: “E houve tarde e houve manhã”. Tudo o que Tu criaste é tarde e manhã, está contido entre o dia e a noite, toda a tua obra repousa sobre essa linha estreita que separa aquilo que chamamos tarde e manhã. Aos melhores dos teus espíritos chamaste “Lucíferes”, estrelas da manhã; e nós, criaturas humanas, somos certamente os seres da tarde. O dia precede-nos e nós corremos atrás dele, que nos foge sem cessar. Mas por detrás de nós avança a noite, cujo seio nos dá constantemente à luz.

Tu, porém, és o dia e a noite, sempre diante de nós, sempre atrás de nós, origem e fim, em distâncias inacessíveis. Porque nós não nos podemos furtar às ruelas estreitas da manhã e da noite. Na luz crepuscular do ocaso e da aurora, paira através dos espaços o longo cortejo fantástico das tuas criaturas. O acesso ao meio-dia tórrido em que te encontras, e ao coração da noite, essa noite profunda, doce e sem fim, está-lhes interdito. Tu, insondável! Tu habitas uma luz inacessível que é também a tua treva inatingível.


* Jesuíta alemão nascido em 1879 e falecido em 1936. Tornou-se conhecido por sua pregação, pelos seus artigos e pelos seus livros de espiritualidade.


Fonte: “E Job disse a Deus”, Editorial Aster, Lisboa, 1958, págs. 35 a 46.
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Tradução: Gudrun Hamrol.