Homem e a Mulher na Igreja e no Mundo
Homem e a Mulher na Igreja e no Mundo
Sobre a Carta aos Bispos da Igreja Católica e a Colaboração do Homem e da Mulher na Igreja e no mundo
Por: Nancy Escalante
Em 31 de maio de 2004, a Igreja – através da Congregação para a Doutrina da Fé – publicou o documento sobre a colaboração do homem e da mulher na Igreja e no mundo. Neste documento, fica estabelecida, desde uma perspectiva bíblica, antropológica e teológica, a verdadeira visão da dignidade da mulher e de seu papel no mundo diante do feminismo, isto é, surge como resposta às tendências contemporâneas de pensamento, como a rivalidade radical que surgiu entre os sexos, já que segundo os argumentos desta ideologia, o papel e a identidade da mulher são assumidos em desvantagem do homem, pelo que a mulher para deixar de viver em uma condição de subordinação, tem que se transformar em rival do homem, esquecendo-se da complementaridade à qual são chamados e para a qual foram criados.
Outra tendência de pensamento é a que minimiza a diferença corporal e considera o sexo somente resposta da dimensão cultural, o que chamam Gênero, isto tem dado lugar a questionamentos sobre a família tradicional composta pelo pai, mãe e filhos, assim como tem dado lugar a pensamentos que equiparam a homossexualidade e a heterossexualidade, abrindo espaço para propostas de uma sexualidade polimorfa e outras aberrações contrárias à natureza humana.
Este documento tem sido mal interpretado por posturas contrárias e, em vários casos, seu conteúdo tem sido desvirtuado para manipular a informação, mas é compromisso de todos os membros da Igreja Católica defender tudo aquilo que está a favor da dignidade integral da pessoa humana e do desígnio de Deus.
Realmente, tem surgido uma série de correntes de pensamentos que, apesar de estarem à procura da verdade e da felicidade da pessoa, estão muito distantes disto, já que perderam de vista o verdadeiro sentido e o fim último ao qual estão chamados a pessoa, o casal e a família. Neste sentido, acho que perderam de vista os valores fundamentais que levam a pessoa à transcendência.
A Carta retoma os pontos concretos e fundamentais, que além de estarem baseados em textos bíblicos e serem estudados à luz da teologia, estão fundamentados em questões antropológicas que podem conduzir a pessoa (com honestidade intelectual) a uma verdadeira compreensão das razões expostas. Este breve documento aborda de maneira clara e consciente aspectos da pessoa humana e das ideologias atuais que pretenderam ignorar aspectos transcendentais, como é o caso do feminismo radical que, na procura de uma liberdade e de um reconhecimento da igualdade e da dignidade, afastaram-se da verdade da pessoa, do casal e da família, o que está tendo uma grave repercussão para o sistema de valores e o desenvolvimento da humanidade. A carta, por princípio, defende a igualdade e a dignidade da pessoa humana, mas também enfatiza a diferença existente entre Homem e Mulher, o que abre um espaço para a complementaridade, já que tanto o homem como a mulher foram criados para juntos chegar à unidade e para a entrega e doação mútua, dando lugar assim à plenitude do ser.
As novas ideologias sobre o gênero estão centralizadas no egoísmo da pessoa, perdem os valores objetivos, trazendo como conseqüência um grande vazio existencial na sociedade e a procura de uma felicidade momentânea que leva à frustração, sentimentos de solidão, assim como uma perda do sentido da vida. A pessoa, o casal e a família, ao serem parte da Igreja, têm uma responsabilidade com a humanidade e é por isso que se convida tanto a homens como a mulheres a colaborar ativamente para o desenvolvimento sadio da mesma, o que somente é possível levar a cabo se ambos os membros do casal assumem suas responsabilidades responsavelmente para que, através da complementação entre o homem e a mulher e do encontro e da integração entre ambos, gerem frutos para a sociedade. A Igreja reconhece, e convida a sociedade a reconhecer, a diferença existente entre o homem e a mulher, mas valorizando estas diferenças e entendendo porque é necessária a unidade dos dois.
Na Igreja, o sinal da mulher é mais que nunca central e fecundo. Desde o princípio a Igreja foi considerada como uma comunidade vinculada a Cristo por uma relação de amor. Neste sentido, a Igreja, esposa de Cristo, tem sempre visto Maria como sua mãe e modelo (Dom Amato, 2004)
A referência é Maria, com suas disposições de escuta, de acolhida, de humildade, fidelidade, louvor e espera™ (Mons. Amato, 2004)